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Ter vinte e poucos anos é divertido, mas só quando acaba é que você percebe que ainda não estava mesmo pronto pra ser adulto.

Monday, July 26, 2004

E fazia uns dias que eu não escrevia, apesar de eu ter muito a escrever. Eu nem quis lembrar muito de nada esses dias. Eu estou me mantendo afastado de minhas angústias porque elas estão fortes demais. Estou me mantendo distante de meus sentimentos e de meu mundo real.

Eu tenho medo de tocar nessa angústia toda e estou tenso demais com isso. Eu não sei se posso lidar com a angústia de precisar me mover e a tensão que isso me gera. Eu sempre vivi dessa angústia e dessa tensão. Elas mantêm o medo afastado, porque são mais fortes que o medo. E elas me mantêm em movimento e fazem com que eu crie muitas coisas. Muito de meu sucesso vem da tensão, mas muito de meu fracasso também, porque é impossível criar continuamente com tanta tensão sobre mim.

E eu estou tentando aceitar mais completamente quem eu sou. Eu vivo uma meia verdade (que é, portanto, necessariamente, meia mentira): eu vivo só meia vida de casado e sou só meio assumido pra mim mesmo. Eu me acostumei a me contentar com pouco e exijo pouco da vida, dos outros e até de mim mesmo.
Eu não sei como é o mundo real. Eu sonho com o mundo como o imagino. Real através do que eu sinto aqui dentro. Eu nunca saí daqui...
E subitamente, naquele tarde de julho, eu tenho impressão que ainda estou preso no útero de minha mãe e ainda sou um bebê e toda a minha vida foi um sonho. Sinto as paredes me apertando e a escuridão e a asfixia. E ouço pessoas lá fora e sinto meu desespero e sinto minha mãe à minha volta, em desespero. E não sinto mais nada e saio do metrô e volto à minha vida. E permaneço nela até sonhar que fiquei velho e estou morrendo. E morro antes que o médico consiga me tirar de lá...

Friday, July 16, 2004

Eu continuo criando úteros dos quais não sair. E sofrendo e me culpando por não sair. E procurando médicos que me tirem de lá.
 
Eu quero sair, mas tenho muito medo de tentar sair e morrer. Eu preciso que tenha um médico do lado de fora para me tirar. Eu tenho medo de enfrentar o lado de fora sozinho. E tenho mais medo ainda de ficar do lado de dentro, porque não dá pra respirar.
 
Traduzindo:
Eu crio espaços protegidos e me cerco de situações que ali me mantenham. Aí, quando aquilo não é mais minha verdade e eu preciso sair, eu revivo a situação de ter medo do lado de fora e medo de sair. Mas aí, eu preciso sair porque estou revivendo a situação de estar parado e preso e sem ar.
 
Essa semana eu me toquei que sempre enfrento uma situação em sonhos na qual eu estou subindo por algum tipo de túnel escuro e ele vai ficando estreito e eu fico preso e não consigo respirar...
 
E eu tenho pavor de estar na água sem conseguir alcançar o fundo com os pés. E isso parece ter ligação.
 
E eu estou chegando perto de alguma coisa... 

Thursday, July 01, 2004

Eu acho que descobri uma coisa cármica. Eu nem sei se ainda acredito nisso, mas parece que a fé continua a existir, mesmo quando, racionalmente, eu já a deixei pra trás.

Eu tenho impressão que sempre procurei um mestre e nunca encontrei. E é porque passou meu tempo de ter mestres. A partir de agora eu tenho que descobrir meus caminhos sozinho. É tipo como se essa vida fosse uma época de começar a aprender a aprender sozinho. E até tem funcionado, eu tenho aprendido muito. Mas eu sempre me ressenti muito pela falta de um mestre. Ou de mestres. Na verdade, de pessoas que me conduzissem...

Sei lá... posts cármicos não são minha especialidade...

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