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Ter vinte e poucos anos é divertido, mas só quando acaba é que você percebe que ainda não estava mesmo pronto pra ser adulto.

Tuesday, November 30, 2004

Tem um lance acontecendo sobre fé. E tem outro lance sobre culpa. Nem sei se são duas coisas ou uma só ou mais do que isso. E tem outras coisas acontecendo. Acho que descobri mais sobre o medo de ser dominado. Mas isso não deve mesmo ter nada a ver com as outras coisas.

São três coisas importantes, mas de natureza completamente diferentes:

A culpa, a fé, o medo e o poder. Culpa é causa e conseqüência de não acreditar em mim mesmo, de imaginar que estou errado. Medo é causa e conseqüência de imaginar-me fraco. A fé que eu tinha (sempre tive? Tenho?) era uma fé num poder externo a mim que poderia cuidar de mim em troca de minha submissão a suas leis: a culpa vem muito de não me submeter a todas essas leis. A fé que procuro hoje é fé em mim mesmo, é acreditar que posso não precisar do poder externo, que posso cuidar de mim, ou que isso tudo nem fosse tào importante assim. O poder é o que procuro para conseguir cuidar de mim mesmo...

Culpa (do Houaiss): 6 Rubrica: psicologia. emoção penosa (de auto-rejeição e desajuste social) resultante de um conflito (entre impulso, desejo ou fantasia e as normas sociais e individuais) dominado pela função inconsciente de controle desempenhada pelo superego 7 Rubrica: religião. nas teologias do judaísmo e do cristianismo, responsabilidade por ato de transgressão e/ou pecado, que torna o agente ofensor de Deus, indigno de sua misericórdia

Tuesday, November 23, 2004

O Gu tocou num ponto muito importante quando disse: "Você é amado". Isso é uma questão chave mesmo: eu não consigo me enxergar como amado e/ou admirado. O registro que tenho de me sentir não percebido na infância, de sentir que eu era visto como não tendo a menor importância, é muito mais forte que o registro da realidade atual.
Resposta do Gu:
"Em primeiro lugar, acho que você deve pensar bem mesmo numa só questão: cadê a sua auto-estima? Tipo assim: você já imaginou no que está fazendo com vc mesmo? Se sabotando... Se te incomoda tanto algo que nem sabe o que é, tente esquecer e bola pra frente...Você é amado (por mim e muito!!!) e se ama também, assim, eleve sua auto-estima. Comece a fazer algo por você mesmo, pensando em ficar bem com você primeiro, e o restante virá. Eu quero tentar ajudar você, mas acho que ninguém é capaz de resolver seus grilos, se você não se auto-ajudar. Até parece que você gosta de se punir... Para quê? Para ficar com mais pena de você? Olha, se você não interromper esse processo vai continuar esta mesma história...esse processo de deprê que vira e mexe você entra.
Preciso dizer mais? Um grande beijo e depois me diga como está. "
O normal é mesmo reagir às coisas que acontecem? Mas será o mais saudável ou só o que todo mundo faz?

O mais saudável não seria ter a reação, sentir o que se sente, expressar o que se sente e permanecer bem? O bambu que dobra ao vento e em seguida volta à sua posição original, sem quebrar e sem nenhuma modificação permanente?
Ando um pouco deprê... Nem sei direito o motivo, mas no fundo sinto que estou mal porque quero. Ou, ao menos, que poderia não estar mal se não quisesse...

No fundo, a gente às vezes fica bem com coisas que acontecem e às vezes fica mal com coisas que acontecem. Mas na verdade é a gente mesmo que se deixa bem ou mal porque acha que é a reação certa que devemos ter quando coisas acontecem. Porque aprendeu a reagir dessas ou daquelas formas às coisas.

E é como se a gente precisasse de um motivo pra ficar bem. Mas será que é mesmo preciso?
Às vezes, eu sou até mais do que um minuto de silêncio...

Thursday, November 11, 2004

Sobre eu de verdade e outras mentiras...

Tudo bem: aquele ali no espelho, eu conheço!

Será que psicanálise é pra aprender a conviver com aquilo que não dá pra mudar? Em parte, pelo menos, é. E de resto? Quer dizer, aquelas grandes dores que a gente carrega e que atrapalham tanto, o que pode ser feito delas? Aprender a conviver? Na teoria freudiana, acho que é sobre conseguir enxergar essas dores pra poder lidar racionalmente com elas.

Deve ser sobre mudar o que puder ser mudado e aprender a conviver com o q não puder?

É sobre desfazer comportamentos neuróticos: não é sobre aprender a conviver com o q não pode ser mudado, mas sim sobre aprender a não querer mudar o que não pode ser mudado, porque é estúpido esse comportamento. Por exemplo: o passado não pode ser mudado. Ponto. Querer que ele seja mudado é neurótico. Fazer de conta que ele não aconteceu é neurótico. Imaginar que ele ainda está acontecendo é neurótico.

Portanto, de certa forma, é sim sobre aceitar: aceitar que aconteceu e aceitar que acabou.
E então, finalmente, ele enxergou o escudo que sempre mantivera ao seu redor. Era espantoso como tudo era diferente do que sempre vira, como o escudo distorcia o que podia ver do mundo. O que será que o mundo via dele? O mundo sempre o vira, ou vira somente o escudo? (o escudo não era invisível, ele tinha certeza, mas provavelmente não parecia ser um escudo)...

Ele quase se lembrava (sempre quase, sempre): todo o sofrimento que não queria sentir ficava no escudo (suas fantasias de felicidade estavam projetadas do lado de dentro do escudo?), toda a solidão ficava no escudo (os amigos que não tinha estavam no escudo?), toda a vergonha do que imaginava ser passava no escudo (do lado de fora, que imagem o escudo projetava? Quem seria ele visto por todos os outros?)

E no momento seguinte, tudo voltou a ser como sempre foi. O que aconteceu? Existia mesmo um escudo? Existia uma camada de proteção ao seu redor que o impedia de ver? (de ser visto?) Mas o escudo já estava ligado e ele não mais podia vê-lo. Como sempre.

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