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Ter vinte e poucos anos é divertido, mas só quando acaba é que você percebe que ainda não estava mesmo pronto pra ser adulto.

Thursday, May 27, 2004

Olha, não tá pronto ainda, mas se quiser começar a ler, vai ficar mais ou menos assim...

O próximo passo. O último passo, o que importa? Eu sabia que não sairia daquele boteco do mesmo jeito que entrara. Nem sabia se sairia. Eu cheguei até a porta com medo, mas pendurei-o do lado de fora e entrei, como quem não tem mesmo mais nada a perder. Eu não tinha.

Ele iria me matar. Estava escrito e ele queria. Deus, quase que eu queria àquelas alturas. Depois de fugir por tudo o que pude, percebi que não podia mais: ou o enfrentava naquele momento ou fugia pra sempre e seria como deixar de ser eu e morrer.

Dei aquele passo. Adentrei o ambiente abafado, que cheirava a cigarro e suor, trazendo comigo um resto de noite fria que morreu antes da porta ser fechada. Ele estava sentado exatamente onde eu o deixara quando ele me disse que me mataria. É claro que estava! Sem mim, não poderia sair andando por aí, como se tivesse pernas!

E era apenas um pedaço de papel. O resultado do exame: minha sentença de morte.
E no final, então, eu me castigo quando não faço coisas que acho que deveria fazer ou quando faço coisas que acho que não deveria, para não ficar "mal-acostumado"?

Isso. Ou por culpa. São os dois mecanismos. Mas o mais importante é tomar consciência que, em qualquer um dos casos, quem me deixa mal sou só eu. Eu posso simplesmente suplantar esses mecanismos e evitar ficar mal? Eu deveria fazer isso ou seria uma tentativa de me amoralizar?

Wednesday, May 26, 2004

Mal-acostumado, eu?

Por que a expressão "mal-acostumado" significa "acostumado a uma coisa boa"? Quer dizer, eu sei porque, mas é uma demonstração engraçada do jeito estúpido com que o raciocínio ocidental-cristão é estruturado. A gente está mal-acostumado porque está acostumado a coisas boas, no sentido de que as coisas boas não vão durar e a gente deveria se acostumar a coisas ruins. Isso é pessimismo e medo de sofrer e culpa por ter coisas boas e essa estúpida mania de achar que a gente não merece coisas boas porque a gente é uns bosta!

E o pior é que eu comecei a pensar nisso no banheiro do prédio em que trabalho, que é bem antigo, quando comecei a imaginar como seria o banheiro antes da restauração e como as pessoas antigamente (ok, o prédio é beeeem antigo) não davam muito importância aos banheiros, porque estavam acostumados com poucos banheiros e banheiros fora de casa e nós é que estamos "mal-acostumados"... ok, talvez o problema seja comigo...
Castigo e recompensa, hein menino? Isso soa tão não-Tiago... quer dizer, é totalmente Tiago, porque é assim, sem dúvida, que o Tiago se comporta. Mas é não-Tiago porque não tem nada a ver com aquilo em que eu acredito e como eu penso...

Bom, então chegamos na temporada de caça aos auto-castigos por vagabundagem!!! Abaixo a auto-flagelação, a auto-comiseração e a auto-felação!! Ôpa! Empolguei, não era isso...

Mas, falando sério, preciso dar um jeito de superar esse meu pequeno ciclo auto-destrutivo do mal... Isso tem a ver com me sentir culpado por não produzir, mas tem a ver também com um condicionamento de castigo e recompensa. Eu fico mal em parte por ficar culpado, mas muito também eu fico mal só pra ver se da próxima vez não vagabundeio mais!!! Isso é verdade? Soa tão bobo e infantil e soa como algo que meu pai faria comigo quando eu era criança.

Entenda que você não precisa fazer isso. Entenda que nem produzir você precisa e se acostume com isso tudo.
Descobri uma novidade velha sobre mim: eu me trato numas de castigo e recompensa! Tipo assim: se eu produzo algo legal, eu me recompenso me deixando bem; se eu vagabundeio e não produzo chongas, eu me deixo deprimido.

Isso, analisando de forma fria e capitalista, parece útil e/ou produtivo. Mas é 100% idiota! Mesmo porque dizer que isso pode ser produtivo é simplista, ingênuo e burro de minha parte. Porque deprimido eu não produzo. Eu produziria muito mais (e melhor?) se estivesse bem.

Legal... o que eu faço com isso? Essa coisa é tão como eu fui criado na minha casa... E é tão arraigado no meu raciocínio, que fica muito difícil entender que esse não é jeito certo do mundo funcionar. Mas eu tô começando a ver e a vida fica cada vez melhor...

Monday, May 24, 2004

Hum... e o que tem a ver a fé e a simplicidade?

Não sei a resposta. Mas achei uma boa pergunta. Já tô indo bem...
Já que eu falei sobre simplicidade, comecei a pensar naquela idéia de voltar a morar no interior. Às vezes faz tanto sentido e às vezes é tão absurdo...

Eu não sei o que eu quero mesmo. Acho que no fundo a gente nunca sabe com tanta certeza mesmo, né? A gente pode de vez em quando ter certeza de coisas importantes, mas nunca é certeza, certeza mesmo, né? É, tipo assim, certeza, mas pode mudar; ou é certeza e não pode mudar, mas muda; ou é certeza e nunca muda, mas não é bom, ou em algum ponto poderia ser melhor; ou pior; ou tanto fazia e as outras opções eram tão boas quanto; ou é certeza e não muda e é bom e é até o melhor, mas você escolheu pelos motivos errados, ou simplesmente não escolheu e aconteceu.

Talvez o erro seja esperar ter certeza. Talvez ter fé seja melhor do que ter certeza...
Mas é sobre simplicidade...

Hoje eu recebi um texto atribuído ao Mário Quintana sobre felicidade e simplicidade. E isso tem muito a ver com coisas que tenho pensado sobre levar uma vida mais simples... ou sobre o quanto eu complico a minha sem a menor necessidade... ou sobre o quanto todo mundo complica a vida sem necessidade...

Não é, entenda, de maneira nenhuma, que eu queira uma casa no campo pra plantar amigos e livros. Não é sobre viver de maneira simples. Eu posso continuar morando numa das maiores (e mais complicadas) cidades do planeta e continuar no meu trabalho todo complicado sobre coisas complicadas e até ter sonhos super complicados do que quero da vida. Mas é importante aprender a encarar tudo isso com simplicidade: poder passar a tarde deitado na rede lendo gibi, poder me divertir com nada, poder não me divertir, nem nada, relaxar, tanto quando tem ainda coisas pra fazer, quanto quando não tem mais nada...
Um mês depois...

Eu nunca consigo fazer blog... a inspiração vem e dura instantes apenas. Aí a preguiça me vence e eu não escrevo mais nada...

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