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Ter vinte e poucos anos é divertido, mas só quando acaba é que você percebe que ainda não estava mesmo pronto pra ser adulto.

Tuesday, April 19, 2005

Hahahaha!!! Pois é... Passou um ano já... Último dia aos trinta! Devo fechar esse blog? Acho que sim... Acho que encerro hoje, vejo se faço um resumo de tudo que vale a pena levar e passo pra outra!

E comecei esse blog quando me toquei que aos vinteepoucos a gente acha que está pronto pra ser adulto mas não está, mas ninguém nunca está pronto de verdade pra ser adulto. É por isso que a gente não é. Ninguém é. A gente só finge e todomundo finge e fica todo mundo feliz fazendo de conta que acredita. Mas isso realmente importa muito pouco, pois o importante é que no final, tudo sempre dá certo. Se ainda não, é porque ainda não terminou. Meus tempos de trinta terminam bem.

E morto o rei, que venham os tempos aos trintaeum!

Thursday, April 07, 2005

Eu sou exatamente quem eu gostaria de ser mas não consigo.

Monday, April 04, 2005

Agora é sobre desejar e saber desejar e poder desejar.

Eu nunca soube ou nunca pude desejar e eu nem sei direito o que é isso, mas eu não sei o que desejo e, na verdade, a força toda de meu desejo é arrefecida. É isso: não consigo desejar de verdade e só desejos muito intensos acabam perspassando essas barreiras e, mesmo esses, arrefecidos.

Thursday, February 10, 2005

Eu era um menino muito sensível e/ou delicado e/ou até frágil. Não sei ao certo.

E meu pai dizia que homem não podia ser assim. E que meninos não choram. E que se eu não parasse de chorar, ele ia me bater. E eu não conseguia parar, mas ele não me batia. Minha mãe me batia às vezes quando eu não parava de chorar, mas meu pai nunca me bateu, eu acho. E depois, quando eu cresci mais, tipo de uns 8 ou 9 anos até uns 16 ou 17, eu ainda chorava muito, mas sempre era de raiva. Só de raiva. Ou pelo menos, era nisso que eu acreditava. Ou eu me convenci que era por raiva, porque eu entendia que meus pais diziam que eu devia ser agressivo.

(
thsavio: Comecei a escrever sobre isso que eu estava te falando...
thsavio: Eu era um menino muito sensível e/ou delicado e/ou até frágil. Não sei ao certo.
E meu pai dizia que homem não podia ser assim. E que meninos não choram. E que se eu não parasse de chorar, ele ia me bater. E eu não conseguia parar, mas ele não me batia. Minha mãe me batia às vezes quando eu não parava de chorar, mas meu pai nunca me bateu, eu acho. E depois, quando eu cresci mais, tipo de uns 8 ou 9 anos até uns 16 ou 17, eu ainda chorava muito, mas sempre era de raiva. Só de raiva. Ou pelo menos, era nisso que eu acreditava. Ou eu me convenci que era por raiva, porque eu entendia que meus pais diziam que eu devia ser agressivo.
amartini: Será que seus pais sempre tiveram que brigar muito pra conseguir o q queriam, e por isso tinham essa mentalidade que as pessoas têm que ser agressivas?
thsavio: Pode ser, sei lá. Os dois vieram de famílias de imigrantes: famílias de imigrantes costumam ter essa mentalidade de lutar para conseguir coisas e tal. Mas esse não é o ponto, quer dizer,
thsavio: não é sobre analisar o q eles fizeram ou por que, mas encontrar as coisas disso q ainda existem em mim e q me causam problemas.
amartini: Certo. Entendi.
thsavio: Eu acho que isso tem a ver, de dois modos diferentes, com dificuldade p/ escrever e dificuldade p/ gozar
thsavio: Tipo assim: escrever é mostrar minha fragilidade e portanto existe a repressão a isso.
amartini: E sabe como isso tem q ser tratado? Acho que não, né? Tem que descobrir.
thsavio: Qto a gozar, eu ando percebendo q eu tenho medo de ser ativo durante o sexo.
thsavio: E estou achando (e foi essa a coisa q eu acordei pensando hoje) q esse medo é medo de perder essa parte de mim que é mais frágil e sensível...
)

Frágil era oposto a agressivo?

Tuesday, February 01, 2005

A porta bateu e foi assim que acabou.

Enquanto vinham as lágrimas que ele nem sabia de onde, Alexandre sentiu que nunca mais o veria novamente (lembrar o futuro é uma das piores partes). Sentou no sofá, cotovelo no joelho, apoiou a cabeça nas mãos, como se para esconder suas lágrimas. Quantas vezes fizera aquele mesmo gesto, escondendo

Thursday, January 13, 2005

Olha que louco e interessante e neurótico: eu tenho um mecanismo automático de esconder meus sentimentos de mim mesmo sempre que acho que eles são algo "ruim". E me convenço que eles não existem.

Então, existem duas coisas nessa questão:
1. O mecanismo de esconder os sentimentos de mim mesmo. ("... tentando não sentir a tristeza, tento fazê-la sumir, mas acabo escondendo-a, p/ q eu acredite que a tristeza terminou e sinta-me 'satisfeito'. É uma atitude de fazer parecer, pra mim mesmo, que está tudo bem.")
2. O lance de ficar julgando o que estou sentindo e/ou de ter medo de meus sentimentos.

Monday, December 06, 2004

Bom, é uma história sobre solidão, mas é sobre a solidão real e necessária, que a gente tem q encarar um dia: todo mundo tem q encarar um dia, aliás, porque é a solidão de ser humano. A solidão de viver sozinho dentro de si mesmo. Quando a gente é criança, fantasia, de modo bem inconsciente, que nunca está sozinho: seus pais ou seus amigos, ou seu anjo da guarda, ou quem quer que seja, sempre está ali pra você, de algum jeito. E quando a gente se percebe sozinho, fica tremendamente triste, sentindo-se desamparado...

Tuesday, November 30, 2004

Tem um lance acontecendo sobre fé. E tem outro lance sobre culpa. Nem sei se são duas coisas ou uma só ou mais do que isso. E tem outras coisas acontecendo. Acho que descobri mais sobre o medo de ser dominado. Mas isso não deve mesmo ter nada a ver com as outras coisas.

São três coisas importantes, mas de natureza completamente diferentes:

A culpa, a fé, o medo e o poder. Culpa é causa e conseqüência de não acreditar em mim mesmo, de imaginar que estou errado. Medo é causa e conseqüência de imaginar-me fraco. A fé que eu tinha (sempre tive? Tenho?) era uma fé num poder externo a mim que poderia cuidar de mim em troca de minha submissão a suas leis: a culpa vem muito de não me submeter a todas essas leis. A fé que procuro hoje é fé em mim mesmo, é acreditar que posso não precisar do poder externo, que posso cuidar de mim, ou que isso tudo nem fosse tào importante assim. O poder é o que procuro para conseguir cuidar de mim mesmo...

Culpa (do Houaiss): 6 Rubrica: psicologia. emoção penosa (de auto-rejeição e desajuste social) resultante de um conflito (entre impulso, desejo ou fantasia e as normas sociais e individuais) dominado pela função inconsciente de controle desempenhada pelo superego 7 Rubrica: religião. nas teologias do judaísmo e do cristianismo, responsabilidade por ato de transgressão e/ou pecado, que torna o agente ofensor de Deus, indigno de sua misericórdia

Tuesday, November 23, 2004

O Gu tocou num ponto muito importante quando disse: "Você é amado". Isso é uma questão chave mesmo: eu não consigo me enxergar como amado e/ou admirado. O registro que tenho de me sentir não percebido na infância, de sentir que eu era visto como não tendo a menor importância, é muito mais forte que o registro da realidade atual.
Resposta do Gu:
"Em primeiro lugar, acho que você deve pensar bem mesmo numa só questão: cadê a sua auto-estima? Tipo assim: você já imaginou no que está fazendo com vc mesmo? Se sabotando... Se te incomoda tanto algo que nem sabe o que é, tente esquecer e bola pra frente...Você é amado (por mim e muito!!!) e se ama também, assim, eleve sua auto-estima. Comece a fazer algo por você mesmo, pensando em ficar bem com você primeiro, e o restante virá. Eu quero tentar ajudar você, mas acho que ninguém é capaz de resolver seus grilos, se você não se auto-ajudar. Até parece que você gosta de se punir... Para quê? Para ficar com mais pena de você? Olha, se você não interromper esse processo vai continuar esta mesma história...esse processo de deprê que vira e mexe você entra.
Preciso dizer mais? Um grande beijo e depois me diga como está. "
O normal é mesmo reagir às coisas que acontecem? Mas será o mais saudável ou só o que todo mundo faz?

O mais saudável não seria ter a reação, sentir o que se sente, expressar o que se sente e permanecer bem? O bambu que dobra ao vento e em seguida volta à sua posição original, sem quebrar e sem nenhuma modificação permanente?
Ando um pouco deprê... Nem sei direito o motivo, mas no fundo sinto que estou mal porque quero. Ou, ao menos, que poderia não estar mal se não quisesse...

No fundo, a gente às vezes fica bem com coisas que acontecem e às vezes fica mal com coisas que acontecem. Mas na verdade é a gente mesmo que se deixa bem ou mal porque acha que é a reação certa que devemos ter quando coisas acontecem. Porque aprendeu a reagir dessas ou daquelas formas às coisas.

E é como se a gente precisasse de um motivo pra ficar bem. Mas será que é mesmo preciso?
Às vezes, eu sou até mais do que um minuto de silêncio...

Thursday, November 11, 2004

Sobre eu de verdade e outras mentiras...

Tudo bem: aquele ali no espelho, eu conheço!

Será que psicanálise é pra aprender a conviver com aquilo que não dá pra mudar? Em parte, pelo menos, é. E de resto? Quer dizer, aquelas grandes dores que a gente carrega e que atrapalham tanto, o que pode ser feito delas? Aprender a conviver? Na teoria freudiana, acho que é sobre conseguir enxergar essas dores pra poder lidar racionalmente com elas.

Deve ser sobre mudar o que puder ser mudado e aprender a conviver com o q não puder?

É sobre desfazer comportamentos neuróticos: não é sobre aprender a conviver com o q não pode ser mudado, mas sim sobre aprender a não querer mudar o que não pode ser mudado, porque é estúpido esse comportamento. Por exemplo: o passado não pode ser mudado. Ponto. Querer que ele seja mudado é neurótico. Fazer de conta que ele não aconteceu é neurótico. Imaginar que ele ainda está acontecendo é neurótico.

Portanto, de certa forma, é sim sobre aceitar: aceitar que aconteceu e aceitar que acabou.
E então, finalmente, ele enxergou o escudo que sempre mantivera ao seu redor. Era espantoso como tudo era diferente do que sempre vira, como o escudo distorcia o que podia ver do mundo. O que será que o mundo via dele? O mundo sempre o vira, ou vira somente o escudo? (o escudo não era invisível, ele tinha certeza, mas provavelmente não parecia ser um escudo)...

Ele quase se lembrava (sempre quase, sempre): todo o sofrimento que não queria sentir ficava no escudo (suas fantasias de felicidade estavam projetadas do lado de dentro do escudo?), toda a solidão ficava no escudo (os amigos que não tinha estavam no escudo?), toda a vergonha do que imaginava ser passava no escudo (do lado de fora, que imagem o escudo projetava? Quem seria ele visto por todos os outros?)

E no momento seguinte, tudo voltou a ser como sempre foi. O que aconteceu? Existia mesmo um escudo? Existia uma camada de proteção ao seu redor que o impedia de ver? (de ser visto?) Mas o escudo já estava ligado e ele não mais podia vê-lo. Como sempre.

Monday, September 27, 2004

Hoje cedo o Gu me contou um sonho que teve em que um menino de seis anos andava atrás dele pra todo lado, chamando-o de "mulherzinha". Fiquei muito pensando em como a gente carrega um menininho de seis anos dentro de nós que fica o tempo todo nos chamando de mulherzinha.

Um menino que um dia ouviu isso e acha que pode nos julgar: nós mesmos nos julgando pela ótica do menino de seis anos que ainda vive em nosso peito e questiona nossa virilidade, baseado numa fantasia que tem sobre a virilidade que quer conquistar e que acha que pode levá-lo ao mundo de seu pai, do qual nasceu separado e no qual tem dificuldades para se inserir. Fantasias baseadas em fantasias e que têm alguma força em nossa psiquê.

Por que as vozes das crianças soam tão alto? Por que as coisas que pareciam reais numa época em que não se tinha noção de realidade ainda podem parecer tão fortes? Acho que tem a ver exatamente com isso: não havia noção de que o que se pensava podia estar errado e tudo parecia mais certo e absoluto. Não?


Thursday, September 23, 2004

Acho q aprendi uma coisa super importante a meu respeito: ontem eu li um conto erótico sobre dominação e isso me excitou demais e o mais importante: me fez muito bem. Desde então, eu fiquei num estado muito mais criativo. Estou bem pra caramba. O sexo ontem foi super bom porque eu estava assim e depois eu fiquei com a veia criativa pulsando e estou super bem hoje com isso tudo.

Preciso aprender a me permitir mais. Fantasias sexuais são o alimento de nossa sexualidade, visto que estamos já tão distantes de nossos instintos. E sexualidade é o alimento da criatividade. E criatividade é essa energia maluca que deixa a gente feliz...

Monday, September 20, 2004

E estou começando a pensar sobre o que a Falt teria de interessante pra falar pras pessoas.

No fundo, o mais importante é convencer os GLTTBs sobre a possibilidade e a importância de criarem famílias e mudar o jeito como a sociedade vê as famílias GLTTBs...

Talvez essas duas cosias sejam a mesma: mudar o jeito como a sociedade e os prórpios GLTTBs vêem suass relações afetivas...
E lembre-se da importância de sonhar: são seus sonhos que definem seu caminho, não suas dores, nem as lições que aprende. Porque no final, não importa o quanto doa ou o quanto você saiba que vai doer, você tenta ir pra onde você sonha ir.

Thursday, September 16, 2004

Nossa! Eu acabei de mandar o link desse meu blog pra lista da Falt! Só eu, o Gu e a Cá tínhamos o endereço até hoje...

Acho que estou tentando me preparar para ser eu mesmo no encontro do fim de semana. É difícil me mostrar quando tem muita gente por perto. Mas eu quero fazer parte desse grupo e estou me esforçando.

Bom, vamos lá...
E nesse findi, vamos pra Limeira.
Finalmente conhecer a Falt de gente de verdade.
É engraçado isso de manter contato virtualmente com pessoas. Tenho certeza que vou encontrar pessoas diferentes daquelas com que eu troco mensagens. Tenho certeza, inclusive, que o Tiago que vai pra lá não é o mesmo que troca mensagens com o pessoal da Falt virtual.
Vai ser divertido...
Cara, tô aqui passando por uma época muito louca! Parei com tudo que estava fazendo e descansei. É engraçada a sincronicidade da vida da gente: todas as coisas na minha vida andaram estacionando ao mesmo tempo e estão começando a dar sinais de que estão prontas para andar. Pra onde? Ainda tenho que escolher esses novos caminhos.

E a gente escolhe os caminhos sempre meio por acaso, sempre reagindo rápido a alguma coisa. Por isso é que é tão importante ter sonhos pra nos servirem como guias, né? Porque na verdade, é sempre uma questão de ter um direcionamento naqueles momentos em que parece que tanto faz ir para um lado ou para o outro.

Mas na verdade, acho que esses sonhos são sinais de quem a gente realmente é, não é isso? Tipo assim, são desejos que vêm das nossas verdades mais profundas e que, portanto, servem para nos mostrá-las.

Ai, que pretensioso que eu tô hoje! Que texto mais metido a besta!

Sunday, August 22, 2004

Melancolia é se apegar aos seus sofrimentos.

Tuesday, August 17, 2004

Terça-feira, 17 de agosto de 2004. Eu fiquei horas pensando besteira ontem à noite, e fui chorar só hoje cedo, e não chorei tudo ainda. Tô melancólico por causa disso tudo. E tô tomado pela tristeza... E ficar sentado aqui nessa chatura que anda o trabalho não tá ajudando nem um pouco...

Eu tô exatamente assim hoje:

Cara Valente
Composição: Marcelo Camelo
Não, ele não vai mais dobrar
Pode até se acostumar
Ele vai viver sozinho
Desaprendeu a dividir
Foi escolher o mau-me-quer
Entre o amor de uma mulher
E as certezas do caminho
Ele não pôde se entregar
E agora vai ter de pagar com o coração, olha lá
Ele não é feliz
Sempre diz
Que é do tipo cara valente
Mas, veja só
A gente sabe
Esse humor é coisa de um rapaz
Que sem ter proteção
Foi se esconder atrás
Da cara de vilão
Então, não faz assim, rapaz
Não bota esse cartaz
A gente não cai, não
Ê! Ê!
Ele não é de nada
Oiá!!!
Essa cara amarrada
É só
Um jeito de viver na pior
Ê! Ê!
Ele não é de nada
Oiá!!!
Essa cara amarrada
É só
Um jeito de viver nesse mundo de mágoas
Ele não é de nada
Oiá!!!
Essa cara amarrada
É só
Um jeito de viver na pior

Monday, July 26, 2004

E fazia uns dias que eu não escrevia, apesar de eu ter muito a escrever. Eu nem quis lembrar muito de nada esses dias. Eu estou me mantendo afastado de minhas angústias porque elas estão fortes demais. Estou me mantendo distante de meus sentimentos e de meu mundo real.

Eu tenho medo de tocar nessa angústia toda e estou tenso demais com isso. Eu não sei se posso lidar com a angústia de precisar me mover e a tensão que isso me gera. Eu sempre vivi dessa angústia e dessa tensão. Elas mantêm o medo afastado, porque são mais fortes que o medo. E elas me mantêm em movimento e fazem com que eu crie muitas coisas. Muito de meu sucesso vem da tensão, mas muito de meu fracasso também, porque é impossível criar continuamente com tanta tensão sobre mim.

E eu estou tentando aceitar mais completamente quem eu sou. Eu vivo uma meia verdade (que é, portanto, necessariamente, meia mentira): eu vivo só meia vida de casado e sou só meio assumido pra mim mesmo. Eu me acostumei a me contentar com pouco e exijo pouco da vida, dos outros e até de mim mesmo.
Eu não sei como é o mundo real. Eu sonho com o mundo como o imagino. Real através do que eu sinto aqui dentro. Eu nunca saí daqui...
E subitamente, naquele tarde de julho, eu tenho impressão que ainda estou preso no útero de minha mãe e ainda sou um bebê e toda a minha vida foi um sonho. Sinto as paredes me apertando e a escuridão e a asfixia. E ouço pessoas lá fora e sinto meu desespero e sinto minha mãe à minha volta, em desespero. E não sinto mais nada e saio do metrô e volto à minha vida. E permaneço nela até sonhar que fiquei velho e estou morrendo. E morro antes que o médico consiga me tirar de lá...

Friday, July 16, 2004

Eu continuo criando úteros dos quais não sair. E sofrendo e me culpando por não sair. E procurando médicos que me tirem de lá.
 
Eu quero sair, mas tenho muito medo de tentar sair e morrer. Eu preciso que tenha um médico do lado de fora para me tirar. Eu tenho medo de enfrentar o lado de fora sozinho. E tenho mais medo ainda de ficar do lado de dentro, porque não dá pra respirar.
 
Traduzindo:
Eu crio espaços protegidos e me cerco de situações que ali me mantenham. Aí, quando aquilo não é mais minha verdade e eu preciso sair, eu revivo a situação de ter medo do lado de fora e medo de sair. Mas aí, eu preciso sair porque estou revivendo a situação de estar parado e preso e sem ar.
 
Essa semana eu me toquei que sempre enfrento uma situação em sonhos na qual eu estou subindo por algum tipo de túnel escuro e ele vai ficando estreito e eu fico preso e não consigo respirar...
 
E eu tenho pavor de estar na água sem conseguir alcançar o fundo com os pés. E isso parece ter ligação.
 
E eu estou chegando perto de alguma coisa... 

Thursday, July 01, 2004

Eu acho que descobri uma coisa cármica. Eu nem sei se ainda acredito nisso, mas parece que a fé continua a existir, mesmo quando, racionalmente, eu já a deixei pra trás.

Eu tenho impressão que sempre procurei um mestre e nunca encontrei. E é porque passou meu tempo de ter mestres. A partir de agora eu tenho que descobrir meus caminhos sozinho. É tipo como se essa vida fosse uma época de começar a aprender a aprender sozinho. E até tem funcionado, eu tenho aprendido muito. Mas eu sempre me ressenti muito pela falta de um mestre. Ou de mestres. Na verdade, de pessoas que me conduzissem...

Sei lá... posts cármicos não são minha especialidade...

Thursday, June 17, 2004

Quando criança, eu aprendi a negligenciar meus desejos e sentimentos em função dos desejos de meus pais. Sempre foi isso que foi pregado na minha casa. Tinha aquela coisa de hierarquia, na qual eu era o último e eu aprendi que meus desejos eram os menos importantes.

Eu mudei pouco em alguns aspectos. Até hoje eu negligencio muito meus desejos e sentimentos. E pago muito caro por isso. Isso gera uma imensa frustração em mim. Eu faço muito isso ainda com minha mãe, com o Gu e com o meu trabalho. Eu faço sacrifícios que ninguém vê e depois sinto raiva por meus sacrifícios não serem recompensados. E eu fico ansioso por atenção. Meus desejos nunca foram ouvidos. Eu nunca fui ouvido.

Uma das minhas maiores ânsias, o tempo todo, é por atenção. Será que aquela minha tensão constante não é em parte por isso?

Aquilo que eu falei ontem pro Júlio, que não era medo de as pessoas não gostarem de mim a causa final: a coisa toda é querer atenção? O medo de que não gostem de mim é na verdade medo de que não me dêem atenção? É por isso que eu brigo feio com o Gu sempre que ele não me ouve. Não receber atenção é o pior castigo pra mim.

De onde vem isso, exatamente? Eu comecei imaginando que vinha da infância, dos meus pais não prestarem atenção nenhuma a meus sentimentos, que eram muito fortes, por eu sempre ter sido muito sensível. Quer dizer, o fato de eu ter passado por isso no passado pode ter criado uma compulsão por atenção, tipo eu me acostumei a querer atenção e ser infeliz pela falta dela. Mas eu acho que tem outra coisa: eu aprendi a não dar atenção a meus sentimentos e sempre dar mais importância para o que os outros querem do que para o que eu quero e faço isso até hoje. Com isso, eu mesmo não me dou atenção e fico com um vácuo de atenção dentro de mim. Eu preciso que os outros me dêem atenção porque eu não me dou atenção.

Eu preciso de atenção dos outros porque não dou atenção às minhas necessidades, aos meus sentimentos e a meus desejos? Putz! Eu mal consigo saber quais são meus desejos de tanto que eu aprendi a recalcá-los!!!! Eu vivo em dúvida sobre o que eu quero porque eu não consigo saber quais são meus desejos reais!!!!

Monday, June 14, 2004

Liberdade é sobre viver sem medo

Eu sempre sonhei com liberdade, porque eu nunca me senti livre. Eu me sinto preso por tudo que devo, ou não posso, ou não devo, ou nem deveria pensar. Tipo tudo aquilo que é perigoso ou é demais pra mim, ou é perigoso demais pra mim.

Eu me sinto preso. Eu sou atormentado por obrigações e medos, por culpas e medos, por arrependimentos e medos, eu me sinto atormentado e angustiado, eu me sinto fraco e feio e farto: tão farto disso tudo. Eu me sinto tão tenso, o tempo todo tão tenso...

Porque o medo e a culpa fazem com que eu precise estar alerta. O tempo todo alerta. Tão tenso e tão farto de tudo isso. Se eu soubesse como desistir, já teria desistido... Se eu soubesse como largar tudo que tem dentro de mim... tanto peso... se eu pudesse abandonar a mim mesmo e sumir e ser ninguém.
Eu já falei muito sobre medo de escrever e coisas assim... Mas como posso eu superar isso? O q eu faço?

Eu acho que tudo começa pela autoconfiança.

Aliás, tudo em mim começa pela autoconfiança, cuja falta é minha grande fraqueza nessa vida. Eu preciso mesmo resolver isso. Tem muito a ver com minha relação com minha família quando eu era criança. E tem muito a ver com a maneira em que construí minha relação comigo mesmo, deriva daquela primeira relação...

Friday, June 04, 2004

Hoje é sobre medo

Eu tenho medo de gente. E tenho medo de solidão.
Tenho medo de falar ao telefone e de entrar em lojas.
Eu tenho medo de aranha e tenho medo de ser visto.
Eu tenho medo de perder o controle.
E tenho medo de não conseguir. Sempre tenho medo de não conseguir.
E tenho medo de qualquer carta que me chega. De tudo que não estou esperando.
Eu tenho medo de escrever e de todas as cores que podem sair quando eu escrevo. E de não escrever e passar em branco.
Medo demais e de coisas demais. É como olhar a vida a partir do medo. E ter medo de olhar a vida.
E medo de que ela passe sem ser vista.

Estou com medo enquanto escrevo isso. Estou com medo do que está saindo e de esquecer coisas importantes. E tenho medo de que não faça diferença nenhuma. Eu sempre tenho medo de que não faça diferença nenhuma.

Eu queria mesmo era ser destemido. Ser desses aí que chegam numa sala cheia de gente e começam a falar da vida. Ser capaz de escrever tudo que tem dentro de mim e ainda deixar por aí pra que alguém veja. Queria ser capaz de tocar as pessoas e deixar que elas me tocassem. E entrassem em mim, no meu mundo. Eu queria mesmo era deixar de ser tímido e sisudo e ser eu mesmo. Ser leve como eu sou por dentro e parar de prever as ações de todo mundo a cada segundo. Eu nem ligava se perdesse minha capacidade de prever o futuro por causa disso.

Thursday, May 27, 2004

Olha, não tá pronto ainda, mas se quiser começar a ler, vai ficar mais ou menos assim...

O próximo passo. O último passo, o que importa? Eu sabia que não sairia daquele boteco do mesmo jeito que entrara. Nem sabia se sairia. Eu cheguei até a porta com medo, mas pendurei-o do lado de fora e entrei, como quem não tem mesmo mais nada a perder. Eu não tinha.

Ele iria me matar. Estava escrito e ele queria. Deus, quase que eu queria àquelas alturas. Depois de fugir por tudo o que pude, percebi que não podia mais: ou o enfrentava naquele momento ou fugia pra sempre e seria como deixar de ser eu e morrer.

Dei aquele passo. Adentrei o ambiente abafado, que cheirava a cigarro e suor, trazendo comigo um resto de noite fria que morreu antes da porta ser fechada. Ele estava sentado exatamente onde eu o deixara quando ele me disse que me mataria. É claro que estava! Sem mim, não poderia sair andando por aí, como se tivesse pernas!

E era apenas um pedaço de papel. O resultado do exame: minha sentença de morte.
E no final, então, eu me castigo quando não faço coisas que acho que deveria fazer ou quando faço coisas que acho que não deveria, para não ficar "mal-acostumado"?

Isso. Ou por culpa. São os dois mecanismos. Mas o mais importante é tomar consciência que, em qualquer um dos casos, quem me deixa mal sou só eu. Eu posso simplesmente suplantar esses mecanismos e evitar ficar mal? Eu deveria fazer isso ou seria uma tentativa de me amoralizar?

Wednesday, May 26, 2004

Mal-acostumado, eu?

Por que a expressão "mal-acostumado" significa "acostumado a uma coisa boa"? Quer dizer, eu sei porque, mas é uma demonstração engraçada do jeito estúpido com que o raciocínio ocidental-cristão é estruturado. A gente está mal-acostumado porque está acostumado a coisas boas, no sentido de que as coisas boas não vão durar e a gente deveria se acostumar a coisas ruins. Isso é pessimismo e medo de sofrer e culpa por ter coisas boas e essa estúpida mania de achar que a gente não merece coisas boas porque a gente é uns bosta!

E o pior é que eu comecei a pensar nisso no banheiro do prédio em que trabalho, que é bem antigo, quando comecei a imaginar como seria o banheiro antes da restauração e como as pessoas antigamente (ok, o prédio é beeeem antigo) não davam muito importância aos banheiros, porque estavam acostumados com poucos banheiros e banheiros fora de casa e nós é que estamos "mal-acostumados"... ok, talvez o problema seja comigo...
Castigo e recompensa, hein menino? Isso soa tão não-Tiago... quer dizer, é totalmente Tiago, porque é assim, sem dúvida, que o Tiago se comporta. Mas é não-Tiago porque não tem nada a ver com aquilo em que eu acredito e como eu penso...

Bom, então chegamos na temporada de caça aos auto-castigos por vagabundagem!!! Abaixo a auto-flagelação, a auto-comiseração e a auto-felação!! Ôpa! Empolguei, não era isso...

Mas, falando sério, preciso dar um jeito de superar esse meu pequeno ciclo auto-destrutivo do mal... Isso tem a ver com me sentir culpado por não produzir, mas tem a ver também com um condicionamento de castigo e recompensa. Eu fico mal em parte por ficar culpado, mas muito também eu fico mal só pra ver se da próxima vez não vagabundeio mais!!! Isso é verdade? Soa tão bobo e infantil e soa como algo que meu pai faria comigo quando eu era criança.

Entenda que você não precisa fazer isso. Entenda que nem produzir você precisa e se acostume com isso tudo.
Descobri uma novidade velha sobre mim: eu me trato numas de castigo e recompensa! Tipo assim: se eu produzo algo legal, eu me recompenso me deixando bem; se eu vagabundeio e não produzo chongas, eu me deixo deprimido.

Isso, analisando de forma fria e capitalista, parece útil e/ou produtivo. Mas é 100% idiota! Mesmo porque dizer que isso pode ser produtivo é simplista, ingênuo e burro de minha parte. Porque deprimido eu não produzo. Eu produziria muito mais (e melhor?) se estivesse bem.

Legal... o que eu faço com isso? Essa coisa é tão como eu fui criado na minha casa... E é tão arraigado no meu raciocínio, que fica muito difícil entender que esse não é jeito certo do mundo funcionar. Mas eu tô começando a ver e a vida fica cada vez melhor...

Monday, May 24, 2004

Hum... e o que tem a ver a fé e a simplicidade?

Não sei a resposta. Mas achei uma boa pergunta. Já tô indo bem...
Já que eu falei sobre simplicidade, comecei a pensar naquela idéia de voltar a morar no interior. Às vezes faz tanto sentido e às vezes é tão absurdo...

Eu não sei o que eu quero mesmo. Acho que no fundo a gente nunca sabe com tanta certeza mesmo, né? A gente pode de vez em quando ter certeza de coisas importantes, mas nunca é certeza, certeza mesmo, né? É, tipo assim, certeza, mas pode mudar; ou é certeza e não pode mudar, mas muda; ou é certeza e nunca muda, mas não é bom, ou em algum ponto poderia ser melhor; ou pior; ou tanto fazia e as outras opções eram tão boas quanto; ou é certeza e não muda e é bom e é até o melhor, mas você escolheu pelos motivos errados, ou simplesmente não escolheu e aconteceu.

Talvez o erro seja esperar ter certeza. Talvez ter fé seja melhor do que ter certeza...
Mas é sobre simplicidade...

Hoje eu recebi um texto atribuído ao Mário Quintana sobre felicidade e simplicidade. E isso tem muito a ver com coisas que tenho pensado sobre levar uma vida mais simples... ou sobre o quanto eu complico a minha sem a menor necessidade... ou sobre o quanto todo mundo complica a vida sem necessidade...

Não é, entenda, de maneira nenhuma, que eu queira uma casa no campo pra plantar amigos e livros. Não é sobre viver de maneira simples. Eu posso continuar morando numa das maiores (e mais complicadas) cidades do planeta e continuar no meu trabalho todo complicado sobre coisas complicadas e até ter sonhos super complicados do que quero da vida. Mas é importante aprender a encarar tudo isso com simplicidade: poder passar a tarde deitado na rede lendo gibi, poder me divertir com nada, poder não me divertir, nem nada, relaxar, tanto quando tem ainda coisas pra fazer, quanto quando não tem mais nada...
Um mês depois...

Eu nunca consigo fazer blog... a inspiração vem e dura instantes apenas. Aí a preguiça me vence e eu não escrevo mais nada...

Friday, April 16, 2004

Dia 20 agora é meu aniversário. Tenho pensado muito no assunto, em dúvida, mas finalmente tomei uma decisão: vou fazer trinta anos!

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